Um conceito errado de Periferia
Por: Alexandre M. O. Valentim
A maioria das pessoas tem o mesmo conceito das periferias, diga-se aqueles que não moram, trabalham ou convivem nessas regiões. A primeira imagem que se tem quando se fala ou se pensa nessas localidades mais distantes dos centros urbanos é o caos total: lugar feio; sujo; violento; desprovido de infra-estrutura e lazer. De todo modo não estão errados, pois o que passam para nós quase sempre é o lado negativo, é uma imagem estereotipada que nem sempre representa a realidade. Mas a periferia é muito mais do que só coisas ruins, ela transcende tudo isso.
Dentro das periferias há várias periferias. É de certa forma contraditório essa afirmação, mas esses arrebaldes das cidades encerram desde áreas mais urbanizadas e com toda a infra-estrutura, até rincões em que o esgoto corre a céu aberto e a violência grassa abertamente. Vejamos um bom exemplo dessa realidade, o distrito do Jardim Ângela, zona sul da cidade de São Paulo, esse bairro periférico, para aqueles que só ouviram falar pelo nome e quase sempre negativamente, tem em seu bojo duas realidades periféricas contraditórias, o centro do bairro e seu arredor imediato, que concentra uma boa infra-estrutra urbana onde não faltam ruas asfaltadas, saneamento básico, iluminação elétrica, coleta de lixo, linhas telefônicas, serviço de correio e posto policial entre outros serviços que nada se diferenciam de outros bairros mais centrais. Além disso, o comércio local é bastante diversificado e dinâmico e já há uma classe média estabelecida que demandam toda sorte de bens e serviços.
Em compensação, o outro Jardim Ângela mais conhecido e que dá fama ao bairro é mais distante dessa centralidade desenvolvida do distrito, é diferente da sua porção mais rica, tendo carências várias de infra-estrutura e onde a violência é alta em relação aos homicídios e, a população mais humilde sofre com a ausência do poder público nunca presente.
Esse exemplo do distrito do Jardim Ângela reflete o que acontece em outras periferias. Essa dualidade ou dupla personalidade que se esconde nessas regiões difere do imaginário popular que entende como uma só as periferias brasileiras e não vêem a contradições que se encerram nesses espaços urbanos e, que pode ser diferente do que eles imaginam.
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