Esta manhã acordei calmo.
Estranho... Olho o tempo através
Da janela e ele me parece chuvoso.
Venta forte.
Estamos no começo do outono.
Esta calmaria que me abate me assusta.
Ligo a TV e ela está silenciosa.
De posse do controle, busco algo que me distraia.
Nada... Alguns vídeos clipes, uns pastores conversando com os fiéis.
Algum dia desses compro um pacote de TV a cabo.
Olho outra vez para a janela e a atmosfera é a mesma.
Como se o tempo estivesse parado.
Ao longe escuto uma leve cantoria.
É a minha mãe preparando o café.
Que bom! Tudo silencioso, porém, não estou só.
Mas por que está tudo tão calmo?
É um silêncio assustador.
Um fio de cabelo que bate no chão faz um barulho estrondoso.
Ah, tudo voltou ao normal.
Ouço o girar das hélices de um helicóptero.
Deve ser policial.
Estranho... parece que está voando dentro de casa.
E o que é pior, vem na minha direção.
Seus olhos são enormes.
Olhos? Como assim?
Desde de quando helicópteros têm olhos?
Incrível...
O silêncio fez o vôo de um simples mosquito se igualar ao de um
Helicóptero do exército israelense em combate.
E o que também torna-se interessante, é que essa calmaria
Contrasta com o barulho que as incertezas fazem no meu inconsciente.
É terrível.
Sinto que algo está para acontecer.
Não imagino o que seja.
Mas vai acontecer.
Este dia calmo não é por acaso.
Esta calmaria deve, com certeza, estar precedendo uma tenebrosa tempestade.
Tudo está se passando exatamente igual aos cinco minutos que antecederam
O Tsunami que varreu o norte da ilha de Sumatra.
O que será?
Daria o mundo para saber.
A única coisa que sei, é que preciso me preparar para receber o pior.
Que Deus me ajude!
São Paulo, 27 de abril 2005.