Uma crítica nua e crua ao sistema estabelecido, uma exposição da realidade vivida por aqueles excluídos da pauta do orçamento, são histórias de pessoas sofridas, crianças que vagam sem rumo ao encontro do nada, jovens que sem oportunidade partem atrás de algo que preencha o vazio vivido desde sempre, é a falta de pão para preencher o vazio do estômago, é o álcool, essa droga legalizada pelo sistema, é a rotina do gueto pronta a levar o seu submisso à loucura e ao suicídio, é a morte de "mais um" a cada dia, é o olhar dos "juízes" de plantão prontos para mais um veredicto, é a tirania dos meios de comunicação a persuadir a dona de casa a tirar da boca do filho para comprar o cd do artista do momento, é a presença do Estado em forma de polícia humilhando os moleques e cobiçando meninas desprotegidas, é a rua sem asfalto, é a casa sem reboco, é a água da chuva inundando os cômodos, é a vontade de vencer reprimida pelo descaso, é a falta de espaço para lazer, é a luta incessante pela sobrevivência cada dia mais difícil, pois essa parte da sociedade é invisível para aqueles que moram na parte central e detém o maior pedaço do PIB nacional.
O escritor Ferréz, mostra essa realidade de nossas periferias, tão maltratadas pelo Governo vigente, no seu último livro, Manual prático do Ódio, eu diria que é uma leitura obrigatória para todos os filhos da periferia que vivem e sofrem na carne todos esses desmazelos.
São Paulo, 27 de maio 2005
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