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DEMOCRACIA TERRORISTA

Por: Marcelo Albert de Souza

"A política mundial está ficando cada dia pior e quem paga somos nós, simples mortais. O texto abaixo mostra o tão pouco que sabemos sobre política e guerra, ainda mais sobre a externa, que, diretamente no afeta"

 

Um histórico do Imperialismo dos Estados Unidos da América

 

            Os Estados Unidos da América, desde sua fundação, têm defendido a liberdade e a democracia, defendido esse sistema político no seu país e no mundo, principalmente quando se coloca como o maior exemplo de democracia do mundo. Seu sistema democrático divide a eleição em duas partes, uma direta e outra indireta, possuindo entraves burocráticos que permitem o controle do resultado final das eleições pelo processo de voto indireto, por meio do chamado Colégio Eleitoral. Este órgão foi criado em 1787, logo após a independência, juntamente com a constituição, para evitar que a escolha do presidente ficasse à mercê do voto popular direto, garantindo o controle do poder pela elite política do país, que temia novas revoltas sociais como a de Shays. Para manter o caráter democrático, as eleições diretas têm de acontecer e elas ocorrem, mas o Colégio Eleitoral é quem dá a última palavra. O caso mais recente de problemas que essa forma de democracia provocou foi a crise gerada pela eleição de George W. Bush, vitorioso sobre Al Gore, respectivamente dos partidos Republicano e Democrata.

A estrutura partidária também é bastante burocrática, permitindo que por mais de dois séculos esses dois partidos se alternem no poder sem dar oportunidade a nenhum outro grupo político. Logicamente esses dois partidos foram o resultado da divisão do poder entre as duas tendências do grupo de líderes políticos que declarou a independência norte-americana, fez a constituição dos EUA e criou a estrutura eleitoral, incluindo o Colégio Eleitoral e a parte das eleições que são indiretas, além de outras regras que dificultam a ascensão de novos partidos. Tudo isso para que essa elite nunca mais saísse do poder e evitasse que outros grupos políticos pudessem vir a crescer e dominar a vida política da nação.

            Os EUA sempre foram o maior defensor da democracia e da liberdade de expressão, pregando a luta pela autodeterminação dos povos. Mas, na prática, têm um currículo invejável de atrocidades, guerras, conquistas, intervenções e ocupações militares, e ainda, a manutenção de governos ditatoriais ‘fantoches’ no mundo todo, financiando ou armando grupos políticos que representem seus interesses no país em questão.

            A própria formação do território norte-americano está manchada do sangue de 1 milhão de indígenas de diferentes tribos (creeks, choctaws, cherokees, sioux, apaches, chiekasaws, seminolas), todas consideradas ‘inferiores’, que foram expulsas de suas terras e simplesmente exterminados. A ‘Doutrina do Destino Manifesto’ justificava essa “carga” ao homem branco norte-americano: civilizar outros povos, em especial os chamados povos bárbaros, como os indígenas. As guerras expansionistas começaram com a invasão da Flórida ocidental em 1812 (totalmente anexada em 1819), numa guerra envolvendo a Espanha e sua aliada, a Inglaterra, que voltou a ser enfrentada em 1814 numa disputa por territórios ao norte. Em uma grande guerra iniciada em 1845 e prorrogada de 1847 a 1848, contra o México, os Estados Unidos tomaram metade do território mexicano, localizado onde hoje estão os estados do Texas, Califórnia, Novo México, Arizona, Nevada, Utah e partes do Colorado, Kansas e Oklahoma. Não é à toa que o presidente mexicano Porfírio Díaz declarou: “Pobre México! Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”.

Em 1867, os EUA adquiriram e anexaram o Alaska. Em 1869 invadiram as Ilhas Midway e em 1887 ocuparam Pearl Harbor. Em 1898 os EUA anexaram o Havaí, ocuparam militarmente Cuba, Porto Rico e Guam (estes dois últimos anexados) e invadiram as Filipinas (onde morreram 100 mil filipinos) após uma grande guerra imperialista contra a Espanha na qual os estadunidenses saíram vitoriosos e transformaram as Filipinas em colônia. Em 1899 ocuparam o arquipélago de Samoa. Em 1916 os EUA anexaram as Ilhas Virgens.

A doutrina Monroe (1823), ‘a América para os americanos’, serviria de justificativa para centenas de intervenções na América Latina. No final do mesmo século e no início do séc. XX, a América Central começaria a sofrer cada vez mais com o imperialismo estadunidense, que considerava esta região seu quintal e ali interviria cada vez mais freqüentemente.

Entre 1898 e 1901 os EUA ocupam a ilha cubana e a partir de 1901 impõem um protetorado sobre Cuba, que incluía a ocupação militar da ilha e a construção de uma base naval ao sul de Guantánamo. Até a nova constituição cubana autorizava a intervenção militar estadunidense no país, através da Emenda Platt de 1901. Na ilha cubana os EUA mantiveram seu domínio com governos fantoches entre 1901 e 1906, de 1909 a 1917, entre 1924 e 1933 e foi governada pelo ditador Fungêncio Batista de 1934 até 1944 e de 1952 até 1959, alternado por outros governos fantoches. Entre os períodos onde Cuba foi governada por representantes diretos dos interesses dos Estados Unidos, a ilha foi invadida e ocupada por tropas estadunidenses (1906-1909, 1912, 1917, 1921-1923, 1933).

O domínio estadunidense na ilha cubana só acabou com a Revolução de 1959 e o posterior alinhamento de Cuba com os soviéticos (1961), mas, mesmo assim, os EUA deram apoio a diversos grupos de oposição ao governo cubano, chegando a organizar o desembarque na Baia de Porcos, para onde enviou rebeldes cubanos e agentes da CIA para tentarem depor Fidel Castro. Entre 1959 e 1966 a CIA chegou a organizar 24 planos diferentes para assassinar Fidel Castro, desses 8 foram levados adiante mas fracassaram. Através do seu serviço secreto, os EUA introduziram em Cuba diversas doenças e pragas até então desconhecidas na ilha como peste suína africana, praga de arroz, doença de Newcastle em aves, carvão e ferrugem da cana-de-açúcar, mofo azul do tabaco, ferrugem do café, conjuntivite hemorrágica e dengue.

Os EUA fomentaram o separatismo na província do Panamá, até então território da Colômbia, onde queriam construir um canal ligando o Atlântico ao Pacífico. Em 1903 ocupam o recém-criado território panamenho para construir ali o Canal do Panamá, tomando parte do território deste país (a zona do canal). O presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, o ‘fundador’ deste país declarou apenas: “Eu tomei o Panamá”. O Panamá seria ocupado até 1918, quando os EUA interviram novamente no país. As tropas estadunidenses só sairiam em 1999, tendo intervindo militarmente no país em outras situações como 1923, 1964 e 1989. Mais recentemente o Panamá foi governado por ditaduras militares pró-EUA de 1968 a 1981 e de 1983 a 1989. 

Em 1903, ocorre a primeira intervenção estadunidense na República Dominicana (na época São Domingos). A República Dominicana é ocupada pelos exércitos estadunidenses em 1905 e novamente entre 1916 e 1924, sendo que de 1905 até 1941 foi, na prática, uma colônia estadunidense, num período em que os EUA recolheram os impostos do país para si. Foi governada pelo ditador Rafael Trujillo de 1930 a 1960, representante dos interesses estadunidenses. Outras ditaduras financiadas pelos EUA governaram o país de 1960-61 e 1963-1965. A ilha foi invadida em 1965 por tropas da OEA (Organização dos Estados Americanos) lideradas por 22 mil soldados dos Estados unidos e uma nova ditadura pró-EUA foi implantada entre 1965 e 1978. Ainda em 1903 os EUA invadiram Honduras pela primeira vez em nome das companhias norte-americanas exportadoras de frutas como a United Brands e a United Fruit Co., que até hoje controlam o país, fato que lhe rendeu o apelido de "República das Bananas", depois estendido a outros países da região.

O Haiti foi ocupado por tropas norte-americanas em 1914 e esse domínio continuou até 1936, passando posteriormente por governos fantoches que incluíram ditaduras entre 1946 e 1950, de 1956 até 1986 e de 1987-1990. Em 1991 os EUA voltaram a intervir no país e em 1994 o Haiti foi novamente invadido por tropas estadunidenses, que colocaram um novo governo no poder.

Na Guatemala, os EUA apoiaram governos fantoches de 1906 até 1944. Derrubaram governos democráticos e implantaram ditaduras militares com intervenções militares em 1954, durando até a 1965, e novamente de 1970 a 1985. Durante essas ditaduras fortemente repressoras, o país passou por grandes conflitos internos entre o governo ditatorial pró-EUA e terroristas de direita, de um lado, e guerrilheiros de esquerda do outro, numa verdadeira guerra civil. Teve como trágico resultado cerca de 120 mil mortos, a maior parte civis ou membros da oposição.

Tropas norte-americanas invadiram a Nicarágua em 1909 e novamente em 1912. Entre 1912 e 1933 a Nicarágua foi uma colônia norte-americana, constantemente ocupada pelos marines. Um pequeno grupo de oposição formado por camponeses lutava contra a ocupação, liderados por Sandino. Após este período, os EUA entregaram o governo do país para a família Somoza, que governou o país com uma forte e opressora ditadura de 1936 a 1979, sempre representando os interesses estadunidenses no país. A pedido do embaixador norte-americano, Sandino foi assassinado durante o que deveria ser uma reunião para negociações de paz em Manágua. Graças ao apoio estadunidense e a corrupção generalizada, a família Somoza construiu uma fortuna de mais de um bilhão de dólares, sendo proprietária, direta ou indiretamente de quase todas as terras do país.

O domínio estadunidense no país se estende até 1979, quando o novo governo, formado por sandinistas, tentou implantar um regime de tendências socialistas. Mas os EUA financiaram guerrilheiros anti-sandinistas (os chamados ‘contras’), que juntamente com o embargo norte-americano, arrasaram a economia do país e permitiram a subida ao poder de um governo pró-EUA em 1990, após a morte de mais de 30 mil nicaragüenses. A Nicarágua chegou a apelar para o Tribunal Penal Internacional contra a atitude norte-americana, onde venceu, mas os EUA não aceitaram acabar com o crime contra esse país, nem pagar as indenizações que o tribunal lhe impusera. Posteriormente a Nicarágua pediu à ONU que votasse uma determinação para que todos os países respeitassem o direito internacional e o princípio de autodeterminação dos povos, mas os EUA vetaram.   

El Salvador passou por ditaduras de direita apoiadas pelos EUA entre 1931 e 1944, de 1960 a 1967, de 1969 até 1979. Durante essas ditaduras o país passou por intensos conflitos sociais e uma verdadeira guerra civil entre guerrilheiros de esquerda e de direita. Estes últimos, conhecidos pelo apelido de “O Batalhão”, apoiados pelo governo e pelos EUA, foram responsáveis por alguns dos mais violentos massacres da América Latina, não poupando velhos nem crianças. Muitas vezes os membros da oposição eram presos pelo “batalhão”, torturados e depois arrastados pelas ruas da cidade até que toda a carne se desprendesse dos ossos. Os EUA chegaram a invadir o país em 1979 para ‘regularizar a situação’ e colocar no poder uma nova ditadura, extremamente repressora, nos anos seguintes (1980-82) mas permitindo que o mesmo grupo permanecesse no poder até 1994. Estes longos conflitos , mais intensos no final dos anos 70 e início dos 80, resultaram em mais de 60 mil mortos, a maior parte da oposição.

Em 1980, os EUA apoiaram a ascensão de uma ditadura no Suriname. Em 1983 os Estados Unidos invadiram a ilha de Granada para depor um governo de esquerda que contrariava os seus interesses, implantando um governo pró-EUA.

No México, os EUA realizaram outra intervenção militar em 1914, dando suporte para a ascensão de governos autoritários, que formariam nos anos 20 o Partido Revolucionário Institucional (PRI), passando a governar o México com um governo de partido único, mas de fachada democrática, sempre apoiado pelos EUA. Este grupo político permaneceu no poder até o ano 2000. Como resultado, hoje os EUA comandam praticamente toda a economia mexicana, em especial os recursos naturais, como minerais metálicos e o petróleo, sendo que 95% das exportações de petróleo mexicano, hoje, vão para os EUA.

Na Venezuela, um grande produtor de petróleo já no início do séc. XX, os EUA financiaram ditaduras como a de Juan V. Gomez, que escancarou as portas da economia venezuelana para as empresas petrolíferas norte-americanas de 1908 até sua morte em 1935. Os EUA mantiveram outras ditaduras no país de 1936 a 1945 e de 1949 até 1958.

Durante toda a Guerra Fria os EUA financiaram diversas ditaduras no mundo, mas principalmente no seu quintal: a América Latina. Além das já citadas na América Central, temos na América do Sul governos fantoches ‘democráticos’ que reprimiram violentamente toda forma de oposição, mas principalmente movimentos de esquerda na Colômbia e na Venezuela (principalmente após os anos 60). Temos também ditaduras implantadas com apoio dos EUA no Equador, (1963-1968 e 1972-1979), no Peru (1968-1980 e 1992-2001) e no Uruguai (1972-1984). Na Bolívia  foram vários golpes e governos ditatoriais nos períodos de 1952-1964, 1965-1966, 1969-1970 e 1971-1982. No Paraguai, além da ditadura de direita apoiada pelos Estados Unidos de 1940 a 1947, o General Stroessner ficou no poder de 1954 até 1989, uma das mais longas ditaduras militares da história. 

No Chile, após um curto governo de tendências socialistas, formado pelos social-democratas e socialistas chilenos, que nacionalizou as minas de cobre, o presidente Allende foi morto no sangrento golpe de 11 de Setembro de 1973, organizado pela própria CIA e com participação de marines norte-americanos, onde até o palácio presidencial La Moneda e a residência do presidente Allende foram bombardeados. Este golpe marca o início de uma violenta ditadura liderada por Pinochet que durou até 1990, sustentado pelos escusos interesses estadunidenses.

Na Argentina (1966-1973 e 1976-1984), da mesma forma, os militares que dirigiram o país foram responsáveis por milhares de desaparecimentos políticos, casos de torturas, estupros, assassinatos e espancamentos, contabilizando um total de mais de 35 mil mortos, em nome da “defesa da democracia”.

No Brasil, após um curto governo nacionalista, que tentou fazer uma tímida reforma agrária e algumas nacionalizações, foi organizado um golpe militar em 1964, também com participação e supervisão da CIA, do Departamento de Informação do Pentágono (Cel. Vermon Walters), da embaixada dos EUA ( embaixador Lincoln Gordon) e de apoio militar estratégico dos EUA (na operação Brother Sam), que chegaram a enviar um porta-aviões (o Forrestal), um porta-helicópteros, 6 destróieres, esquadrilhas de caças, petroleiros e 100 toneladas de armas leves para apoiar o golpe. Caso a população resistisse ao golpe, as tropas estadunidenses desembarcariam no país. A ditadura militar no Brasil durou até 1984, mas somente em 1989 voltaram a ocorrer eleições diretas.    

            A repressão e perseguição política, o fim da liberdade de expressão, a censura, além de prisões arbitrárias, desaparecimento de opositores, espancamentos e assassinatos foram comuns em todas as ditaduras militares implantadas com apoio dos EUA na América Latina, lembrando ainda que as técnicas de tortura empregadas foram das mais violentas e cruéis, muitas delas desenvolvidas inicialmente por militares estadunidenses e aprimoradas pelos militares latino-americanos que receberam treinamento na Escola Superior de Guerra dos EUA ou na sua filial, a Escola Superior de Guerra do Panamá. Essas técnicas incluíam afogamentos, choques elétricos e mutilação de órgãos genitais, mutilação provocada por mordidas de animais como cães e roedores, estupros dos mais violentos, queimaduras de áreas sensíveis com fogo e ácidos e até mesmo esquartejamentos. 

            Os EUA sempre atuaram em várias partes do mundo, todas as vezes que uma ‘ameaça externa’ podia ser usada como justificativa para apoiar grupos pró-EUA interessados pelo poder e sem escrúpulos, criando governos corruptos, ditatoriais e sanguinários. Ou ainda, essa ‘ameaça à segurança nacional’ era usada para justificar guerras e invasões. Corporações norte-americanas apoiaram a ascensão do fascismo na Europa, como o regime fascista espanhol, ou o nazismo na Alemanha e Áustria, pelo medo da ‘ameaça comunista’. Quando os interesses mudaram, se uniram à URSS para destruir a ‘ameaça nazista’ e o ‘imperialismo fascista’ japonês, cometendo inúmeras atrocidades durante a II Guerra Mundial, como a morte de 300 mil civis (1945) em grandes cidades no sul da Alemanha, como Colônia, bombardeadas incessantemente com Napalm (bombas incendiárias). Ou ainda a morte de quase 300 mil japoneses com os ataques nucleares em Hiroshima e Nagasaki, apenas para terminar a guerra antes que o Japão se rendesse e antes que os soviéticos ocupassem os territórios japoneses da Manchúria (norte da China) e da Coréia. Além disso, teve a clara função de mostrar a força da nova potência hegemônica para o mundo e principalmente para a União Soviética.

            O Japão e a Alemanha foram desmilitarizados e ocupados. Até hoje as tropas norte-americanas ocupam bases no Japão e Coréia do Sul, além de manter exércitos em toda a Europa Ocidental, inclusive na Alemanha, através da OTAN.

            O socialismo volta a ser a grande ‘ameaça’ após a II Guerra Mundial e os EUA iriam se envolver em novas disputas na Europa (guerra civil na Grécia em 1946, divisão da Alemanha de 1946-48) e em novos conflitos, como a Guerra da Coréia (1950-1953), quando foram mortas mais 3 milhões de pessoas, sendo a maior parte civis. Nesta guerra, os EUA jogaram cerca de 3 bombas para cada habitante da Coréia, fazendo uso de armas químicas e biológicas em grande quantidade (incluindo a hoje famosa bactéria Antraz) resultando em cidades inteiramente devastadas como Pyongyang (Coréia do Norte).

            Nos anos 50 os EUA apoiaram a reocupação francesa da antiga colônia da Indochina e a luta contra os ‘rebeldes’ socialistas. Em 1962 os EUA começam a apoiar militarmente os capitalistas do Vietnã do Sul na luta contra os socialistas do Vietnã do Norte. Em 1964 invadem o Vietnã, só se retirando em 1972, deixando um saldo de dois milhões de mortos (sendo 1,95 milhões de vietnamitas). A guerra provocou até mudanças na geografia física do Vietnã ao eliminar florestas inteiras, desfolhadas com armas químicas como o Agente Laranja, ou incendiadas por Napalm II (versão melhorada do Napalm, que não apaga com água e queima até os ossos), ou pelas toneladas e toneladas de bombas que os EUA despejavam diariamente no país e em vizinhos como Camboja e Laos (os EUA jogaram mais bombas contra o Vietnã do que todas as usadas por todos os lados em luta na II Guerra Mundial). Neste processo de genocídio indiscriminado, mais de 70% das vilas do Vietnã do Norte foram destruídas.

A violência dos soldados estadunidenses é até hoje camuflada pelo governo dos EUA, existindo relatos dos próprios soldados de que eram comuns a tortura, espancamentos, estupros, a mutilação e decapitação de prisioneiros, além do massacre de vilas inteiras, incluindo mulheres, crianças e velhos por supostamente terem dado apoio aos vietcongs (guerrilheiros socialistas do Vietnã do Norte). Dentre os relatos mais estarrecedores, estão os dos soldados norte-americanos que colecionavam orelhas de vietcongs, o que era algo comum em alguns agrupamentos pequenos e uma prática generalizada em grupos maiores como a 173ª Brigada Aerotransportada e os 1º e 14º batalhões da 3ª Brigada da 25ª Divisão de Infantaria, onde o soldado que tivesse mais orelhas bebia toda cerveja e uísque que conseguisse beber no acampamento, sendo considerado “o número 1” do batalhão.

            Ainda no continente asiático, os EUA ajudaram a implantar e manter o governo do ditador Suharto na Indonésia (1966-1998), com um golpe militar sangrento (1966) que levou ao poder um governo que matou mais de meio milhão de pessoas, massacrando todas as formas de oposição dentro do país. Ajudaram a colocar no poder o ditador Ferdinando Marcos, nas Filipinas, que governou o país com mão de ferro e muita corrupção de 1965 a 1986, quando fugiu para os EUA com uma fortuna pessoal avaliada em 2 bilhões de dólares. Na Tailândia, os Estados Unidos ainda apoiaram uma ditadura de 1977 a 1983. No Paquistão, sustentaram governos ditatoriais de 1977 a 1988 e apoiaram a ascensão de uma nova ditadura militar em 1990, que dura até os dias de hoje.

Na África, os Estados Unidos deram apoio a regimes ditatoriais extremamente violentos como o Apartheid na África do Sul (1948-1994), e ainda financiaram diversos grupos terroristas, chamados sempre de ‘paramilitares’ para combater grupos e movimentos socialistas. No Congo (ex-Zaire e atual Rep. Democrática do Congo), os Estados Unidos ajudaram a implantar a violenta ditadura de Mobutu em 1965, mantendo-o no poder até 1997 e transformando o Congo em um país arrasado por lutas e disputas internas entre diversos grupos rivais.

Outras ditaduras de direita no continente africano foram financiadas pelos Estados Unidos, como na Libéria (1979-1990, em Malaví (1964-1994) e na Nigéria (1984-1998), ou no Quênia, onde o governo implantado em 1979 permanece no poder até hoje. Os EUA ainda interviram na Etiópia, onde patrocinaram a independência da província de Eritréia (1991), localizada em uma região estratégica do “chifre da África”, banhada pelo Mar Vermelho e financiaram guerrilheiros para lutarem contra o governo etíope, quando este se aproximou mais da URSS.

Na Argélia os norte-americanos têm apoiado um violento governo formado por militares. Implantado com um golpe militar em 1992, após a vitória dos islâmicos nas eleições diretas, acabou por gerar uma sangrenta guerra civil entre o governo e os islâmicos radicais, que já deixou mais de 100 mil mortos.

Em Angola os EUA financiaram o grupo guerrilheiro de direita Unita, desde os anos 70, em luta contra os socialistas e nacionalistas, mergulhando o país numa violenta guerra civil que prossegue até hoje e transformando Angola num dos países com o maior número de minas terrestres ainda ativas do mundo.

Em Moçambique o mesmo processo se repetiu e os EUA financiaram o grupo guerrilheiro Renamo, contra a tentativa da Frente de Libertação de Moçambique de formar um governo socialista no país. Outros grupos guerrilheiros e terroristas de direita foram financiados, treinados e armados pelos Estados Unidos para lutar contra grupos socialistas ou pró-URSS em Guiné-Bissau, Marrocos, Argélia, Ruanda, Etiópia, Sudão, Somália, Namíbia, Congo e Serra Leoa. Estas intervenções nestes países transformaram alguns deles nos mais pobres do mundo, como Serra Leoa, que após duas décadas de Guerra Civil, tem a pior taxa de expectativa de vida do mundo (36 anos) e o pior IDH do mundo.

Nesta segunda metade do Século XX, os EUA mantiveram regimes fantoches em diversos países como no seu tradicional aliado, o Irã do xá Reza Pahlevi. O xá Pahlevi governou de 1941 até 1979, quando foi deposto pelo aiatolá Khomeini, que era contra os EUA e implantou uma república islâmica.

Os EUA apoiaram a subida de Saddam Hussein ao poder em 1979 e jogaram o Iraque contra o Irã numa guerra de oito anos (1980-88), a guerra Irã-Iraque, onde as armas norte-americanas transformaram o Iraque numa potência local. Mas como toda guerra é um grande negócio, os EUA vendiam armas secretamente ao Irã, de onde conseguiam dinheiro sujo para financiar os ‘contras’ na Nicarágua. Após 8 anos de conflitos sangrentos, o resultado foram mais de 600 mil mortos e 1 milhão de feridos.

Quando, em 1990, o aliado Saddan Hussein, invade o Kuwait, um dos maiores fornecedores de petróleo dos EUA, deixa de ser um aliado e se torna um inimigo ‘perigoso’, sendo rapidamente demonizado pela mídia estadunidense. O Iraque foi atacado por uma coalizão de aliados dos EUA (1991) autorizados pela ONU, onde morreram cerca de 200 mil iraquianos, sendo cerca de metade deles civis (os chamados “efeitos colaterais” das armas de “precisão cirúrgica”). Após 1991 os EUA criaram 2 zonas de exclusão aérea no território Iraquiano, para ‘proteger’ minorias locais como os curdos e xiitas. Mas os EUA continuam a bombardear o Iraque até hoje, quase que semanalmente (inclusive alvos civis como pontes, estradas, depósitos de alimentos), por desrespeitar suas imposições como as zonas de exclusão aérea, onde só aviões dos EUA podem voar (que diferentemente do que a mídia divulga, nunca foram aprovadas pela ONU). Até hoje os iraquianos sentem os efeitos nocivos das bombas e mísseis de Urânio empobrecido, que os EUA usaram na guerra, causando incontáveis casos de câncer e leucemia na região, tendo contaminado até soldados estadunidenses e ingleses, num total que ultrapassa 30 mil homens (que apenas passaram por lá). O embargo econômico ao Iraque, que os EUA mantém até hoje, já provocou cerca de 1 milhão de mortes por fome e doenças, sendo metade crianças.

Durante a Guerra do Afeganistão (1979-1989), na qual os soviéticos tentaram manter o frágil governo socialista ocupando o país, os EUA financiaram, armaram e treinaram grupos guerrilheiros islâmicos anti-soviéticos, os mujahidin (de onde saíram grupos como o Taleban) ou grupos terroristas (como a Maktab al Khidmat, que se tornaria a rede Al’Kaida), mergulhando o Afeganistão numa guerra civil que devastou o país. Através de uma poderosa estrutura organizada pela CIA, (numa operação secreta dirigida pelo Gen. William Casey e por Zbigniev Brzezinski), grupos terroristas como a rede Al’Kaida recrutaram em mais de 30 países, cresceram e enriqueceram pelo apoio norte-americano dado até 1990. Neste ano o grupo se voltou contra seu criador, por ser contra a ocupação militar da Arábia Saudita pelos estadunidenses iniciada em 1990 e 1991 para a Guerra do Golfo, mas permanecendo no país até hoje.

Na Arábia Saudita e Kuwait, as tropas dos EUA que permanecem lá desde a Guerra do Golfo, dão sustentação a dois governos extremamente impopulares, ditatoriais e discriminatórios. Foi no modelo saudita e kuwaitiano de tratamento da população feminina que o Taleban havia se ‘inspirado’ para tratar as mulheres afegãs. Mas como a Arábia Saudita e o Kuwait vendem petróleo mais barato para os EUA, a mídia toma os devidos cuidados para não divulgar as formas de tratamento das mulheres nesses países. E para manter um governo impopular, num país onde 45% da população saudita está desempregada, enquanto os cerca de 7.000 príncipes e nobres da família real vivem no ‘paraíso’, somente com tropas de elite como as estadunidenses.     

Os EUA apoiaram a ocupação dos territórios palestinos por Israel nas guerras de 1948-49, 1967 e de 1973. Também apoiaram a intervenção militar israelense na Guerra Civil do Líbano em 1982, onde supervisionaram a entrega dos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, às mãos de guerrilheiros maronitas, que massacraram mais de 3 mil prisioneiros (1982), sob tutela do atual dirigente de Israel, Ariel Sharon. Até hoje, os estadunidenses financiam o Estado sionista de Israel, na sua campanha de dominação e colonização dos territórios palestinos, onde este Estado tem massacrado sistematicamente o povo palestino, apesar de a ONU já ter aprovado determinações exigindo a retirada das tropas israelenses, desde as guerras de 1967 e 1973.

Em 1986, bombardearam a Líbia, pois esta estaria financiando o terrorismo, mas como efeito colateral ocorreram centenas de mortos e feridos civis. Invadiram a Somália em 1994, para defender a ‘liberdade do povo somaliano’, mas até hoje a liberdade não chegou para o povo, que continua oprimido e subjugado pela fome e pela miséria. Bombardearam os sérvios na guerra civil da ex-Iugoslávia entre 1994 e 1995, para ‘acabar com a guerra’, voltando a bombardear a Sérvia em 1999, alegando ‘lutar pela paz’ na província de Kosovo e matando cerca de 10 mil civis (os “efeitos colaterais” das armas de “precisão cirúrgica“ de sempre). Na guerra de Kosovo, as armas inteligentes estadunidenses acertaram até a embaixada chinesa em Belgrado, além de escolas, feiras, barragens hidrelétricas e hospitais. Em 1998 e 1999 os EUA bombardearam o Sudão e o Afeganistão alegando combater grupos terroristas, mas vitimando centenas de civis, mesmo usando apenas “armas inteligentes” e de “precisão cirúrgica”. Em 2001-2002, nos bombardeios contra o Afeganistão, as armas de “precisão cirúrgica” acertaram pontes, bairros residenciais, comboios de agricultores, delegacias de polícia, escolas, mesquitas e hospitais. Talvez a “precisão cirúrgica” de que eles tanto falam, seja porque ‘só acertam hospitais’... por isso precisão ‘cirúrgica’...

Em 2001 os EUA começaram a bombardear o Afeganistão (cerca de 6 a 8 mil civis mortos) e derrubam o governo Taleban alegando que o grupo defendia terroristas, o que justificou dar suporte para a ascensão de um novo governo que correspondesse aos seus interesses de construir gasodutos e oleodutos na região, para escoar o petróleo e gás natural da Ásia Central para o Índico. Esta guerra contra o terrorismo talvez seja uma das quais os interesses econômicos escusos estejam mais evidentes nos últimos tempos, já que os grupos econômicos que mais lucraram com ela são a indústria bélica e a indústria petrolífera, os dois grupos que financiaram a campanha eleitoral de Bush.

Entretanto, os Estados Unidos apoiaram, financiaram, treinaram e armaram movimentos guerrilheiros de direita ou grupos terroristas anti-soviéticos (muitos treinados pela própria CIA) em diversos países da América Latina e da África, como os já citados, ou ainda, no continente asiático, como no Iêmen, Afeganistão, Síria, Paquistão, Iraque, Irã, Líbano, Indonésia, Filipinas, Tailândia, Camboja, Vietnã e Laos.

Nos anos 90, os EUA começam a dar auxílio financeiro a movimentos guerrilheiros e terroristas na própria ex-URSS, como os separatistas islâmicos na Chechênia e Daguestão, ou a grupos guerrilheiros na ex-Iugoslávia, Bósnia, Croácia e Kosovo. Na Turquia, desde os anos 80, os EUA financiam a campanha genocida do governo turco contra a minoria separatista dos curdos, que já resultou em mais de 300 cidades destruídas e 2 milhões de refugiados (os mesmos curdos que os EUA se diz tão preocupado em defender no Iraque).

Também na década de 1990, os norte-americanos têm financiado o violento governo Colombiano além de grupos paramilitares de direita e mercenários, na luta contra as guerrilhas de esquerda na Colômbia, com a justificativa de combater o narcotráfico, apesar de os paramilitares e mercenários de direita já terem assumido sua ligação com o tráfico de drogas e serem responsáveis por 70% dos massacres ocorridos no país nos últimos anos. Vale lembrar ainda que os reais interesses são outros, já que o maior importador de drogas do mundo são os EUA e que, segundo economistas especialistas em mercados financeiros, algo em torno de 10 a 20% do dinheiro que movimenta as bolsas de valores norte-americanas hoje, vem da lavagem de dinheiro do narcotráfico. Além disso, os EUA são responsáveis por 99% das exportações legais de folhas de coca  da Colômbia, e estão tentando manter seu controle monopólico sobre esse mercado. 

Em decorrência desses inúmeros conflitos, guerras e intervenções, os Estados Unidos são o país que mais investe no setor bélico do mundo. Os gastos mundiais em armas, ou seja, as indústrias bélicas, movimentam cerca de 850 bilhões de dólares por ano, sendo que somente o orçamento militar dos EUA é de 340 bilhões. Além disso, os EUA são o maior vendedor de armas do mundo, responsável por metade das exportações mundiais. Só para uma comparação, poderosos setores industriais modernos como os de chips de computadores ou o setor farmacoquímico de remédios movimentam cerca de 150 e 200 bilhões de dólares, respectivamente, por ano no mundo todo.

Os EUA têm dificultado os tratados mundiais para banir armas químicas, rejeitaram um tratado internacional contra armas biológicas e boicotaram abertamente todas as tentativas da ONU e de organizações pela paz mundial de proibir a produção mundial de minas antipessoal, que matam mais de 30 mil e mutilam 1 milhão de pessoas por ano, no mundo todo, sendo mais da metade crianças. Na recente guerra contra o Afeganistão, os EUA despejaram toneladas de minas antipessoal sobre o país, usando grandes bombardeiros B-1. Ainda mais recentemente (Abril-2002), os EUA conseguiram destituir o brasileiro José Maurício Bustani da presidência da Opaq (Organização para Proscrição de Armas Químicas), porque este queria realmente fiscalizar e inspecionar as instalações iraquianas, de maneira séria, para permitir que o Iraque chegasse até a assinar o acordo de banimento de armas químicas. Ou seja, poderia acabar provando que este país não fabrica mais armas químicas, o que acabaria por retirar os últimos pretextos dos EUA para bombardear o país.

E, por fim, num dos mais recentes exemplos da “campanha de combate mundial ao Terror”, os Estados Unidos se uniram aos países que acusam de terroristas (Iraque, Síria, Líbia) para rejeitar a criação de uma Corte Penal Internacional para punir crimes contra a humanidade, crimes de guerra e terrorismo. 

E apesar de tudo isso, os Estados Unidos são tidos como o maior exemplo de democracia do mundo...

Esta imagem de “democracia” é forte principalmente dentro do próprio país. Dois terços dos formadores de opinião (cientistas, jornalistas, professores) norte-americanos acreditam que os outros países do mundo os admiram pela liberdade e democracia. Após os atentados de 11 de setembro, até a liberdade individual que existia dentro dos EUA passou a ser restringida, sendo que atualmente está sendo institucionalizado o desrespeito aos direitos humanos, principalmente dos estrangeiros, permitindo a prisão sem processo, sem direito a recorrer e por tempo indeterminado de qualquer suspeito estrangeiro de ser terrorista, permitindo inclusive o julgamento e até a pena de morte realizados secretamente, sem direito a defesa e no mais absoluto sigilo. A luta contra o terror está terminando de corroer os direitos e instituições democráticas que existiam dentro do país. Já se fala até em oficializar a tortura.

No plano social ainda temos o fato de que a estrutura político-econômica mundial capitalista e a atual ordem de poder mundial, que os EUA tanto lutam para manter, inclusive com o uso da força contra os mais fracos, é um sistema econômico baseado na injustiça e na exploração, que só aumenta as desigualdades e a distância entre ricos e pobres. É um sistema que permite que mais 2 bilhões de pessoas vivam abaixo da linha de miséria, mais de 1 bilhão de pessoas passem fome no mundo e tenhamos a morte de 36 mil pessoas, de fome, por dia no mundo. Ou seja, os Estados Unidos mantém e lutam para manter um sistema político-econômico que mata por dia, 12 vezes mais que os 3.000 mortos dos atentados do World Trade Center, só que de fome! Pela lógica, os EUA deveriam investir 12 vezes mais na luta contra a fome e a miséria do que na luta contra o terrorismo que, aliás, eles próprios criaram. Ao invés disso aumentam ainda mais seus gastos com armas, aumentaram o orçamento militar em mais US$ 20 bilhões em 2002 e planejam aumentar ainda mais esses gastos (chamados de “investimentos”) em 2003.

Se o nosso sistema democrático, ou melhor, o que chamamos de “democracia”, permite a manutenção dessas desigualdades, dessas guerras, dessa miséria, dessa falta de liberdade, dessa opressão, permitindo o uso freqüente da força pelos grupos dominantes, além de milhares de mortes constantes, devemos reconsiderar se realmente vivemos numa democracia, se esse sistema é realmente democrático e, principalmente, se desejamos a manutenção desse sistema, que podemos observar que é extremamente  cruel, frio e assassino. Mais ainda, devemos refletir sobre as alternativas que temos e lutar para tentar mudar esse sistema. Porque se sabemos de tudo isso, não concordamos, mas não fazemos absolutamente nada, não lutamos contra esse sistema, nem combatemos sua opressão, então somos coniventes e a conivência neste caso acaba nos tornando,  também, culpados.

 

Texto de autoria do Prof. Lucas Kerr de Oliveira, publicado no site da Revista Caros Amigos em agosto de 2002.

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