artigos acontece nossa arte humor dialeto o comédia & o truta histórias para refletir
Quinta - 28 de Março de 2024
COLUNISTAS 
@ SANDRA LOURENÇO
@RR RODRIGUES
Ademiro Alves (Sacolinha)
Alberto Lopes Mendes Rollo
Alessandro da Silva Freitas
Alessandro Thiago da Silva Luz
Alexandre M. O. Valentim
Ana Carolina Marques
Antony Chrystian dos Santos
Carla Leite
César Vieira
Cíntia Gomes de Almeida
Claudia Tavares
EDSON TALARICO
Eduardo Souza
Elias Lubaque
FAEL MIRO
Fernando Alex
Fernando Carvalho
Fernando Chaves dos Santos
Flávio Rodrigues
Gisele Alexandre
Henrique Montserrat Fernandez
Ivan de Carvalho Junqueira
Jack Arruda Bezerra
Jean Jacques dos Santos
João Batista Soares de Carvalho
João Henrique Valerio
JOEL BATISTA
Jonas de Oliveira
Jose de sousa
Júnior Barreto
Karina dos santos
Karina dos Santos
Leandro Carvalho
Leandro Ricardo de Vasconcelos
Leonardo Lopes
Luiz Antonio Ignacio
Marcelo Albert de Souza
Marco Garcia
Marcos Lopes
Maria de Moraes Barros
massilon cruz santos
Natália Oliveira
Nathalia Moura da Silva (POIA)
NAZARIO CARLOS DE SOUZA
NEY WILSON FERNANDES SANTANNA
Rafael Andrade
Rafael Valério ( R.m.a Shock )
Regina Alves Ribeiro
Rhudson F. Santos
Ricardo Alexandre Ferreira
Rodrigo Silva
Silvio Gomes Batisa
Sônia Carvalho
Teatro nos Parques
Thiago Ferreira Bueno
Tiago Aparecido da Silva
washington
Wesley Souza
Weslley da Silva Gabanella
Wilson Inacio

APOIADORES 


Todo o conteúdo do portal www.capao.com.br é alimentado por moradores e internautas. As opiniões expressas são de inteira responsabilidade dos autores.


PARA ALÉM DA DASLU

Por: Ivan de Carvalho Junqueira

Ao princípio do mês de junho, inaugurou-se a nova loja da Daslu em São Paulo, empreendimento este orçado em nada menos do que R$ 120 milhões, a atender dos mais diversos anseios e vaidades de seus clientes “vip”, onde os auto-intitulados super-ricos podem comprar desde uma singela camisa assinada por um daqueles famosos estilistas que na promoção talvez saia por míseros R$ 1 mil ou, quem sabe, vestidos ou acessórios por R$ 20 mil. Há, também, veículos importados, além da comercialização de lanchas e até helicópteros.
            Em tão pomposo e imponente imóvel só não vale ir a pé. Manobristas conduzem os automóveis que ali chegam, cujo estacionamento custa R$ 30 a primeira hora. No interior do recinto, que conta com 17 mil metros quadrados, uma das dezenas de “dasluzetes” personalizam ainda mais o atendimento dos detentores da riqueza.
No dia 13 de julho, em que pese a operação da Polícia Federal sugestivamente chamada “Narciso”, e, legitimamente conduzida por força de mandados expedidos pela Justiça, culminando com a detenção dos proprietários do citado “templo de consumo”, sob a acusação de formação de quadrilha, sonegação fiscal, falsificação de documentos e contrabando, dentre outros delitos, um outro aspecto muito chama a atenção: o da terrível desigualdade econômica e social a que estão sujeitos milhões de brasileiros e estrangeiros que mundo afora não possuem sequer o que comer.

            A cada ano, cerca de 36 milhões de pessoas morrem de fome ao redor do globo, sem desprezo aos elevados índices de subnutridos. Segundo dados do Banco Mundial, 2,8 bilhões de seres humanos angariam renda mensal inferior a sessenta dólares, sendo que destas, 1,2 bilhão tenta sobreviver com até metade deste valor. Para 1,5 bilhão nega-se, ainda, o acesso à água potável. Enquanto isso, quatro norte-americanos possuem, em conjunto, recursos similares ao PIB (Produto Interno Bruto) de 42 países a abarcar 600 milhões de pessoas. Com efeito, 125 milhões de crianças e jovens em idade escolar não freqüentam escolas, muitas das quais tendo de laborar, não raro, a partir dos seis ou sete anos, observe-se certas carvoarias, olarias e/ou canaviais espalhados pelos quatro cantos do país. Ainda no Brasil, tem-se 27,4 milhões de pessoas de 0 a 17 anos convivendo em famílias cuja renda per capita não ultrapassa o valor de meio salário-mínimo. Tempos atrás, em Olinda, noticiou-se que alguns indivíduos, outrora denominados “cidadãos”, se alimentavam de carne humana então encontrada no lixo de um hospital. Ressalte-se, outrossim, o aumento do desemprego aliado à falta de moradia, segregando centenas de milhares de famílias em cortiços ou favelas, sitos à margem da sociedade, tratados como objetos.
            A adoção do sistema capitalista e, por conseguinte, da sua economia de mercado, têm sido desastrosa. Por grande infelicidade, atualmente, mais valiosa é a terrível lógica do “Ter”, do que a do “Ser”, sendo que o mundo não mais se divide, metaforicamente, em cidadãos, mas, sim, em potenciais consumidores de bens. Sob este prisma, não basta ser digno ou honesto, isto é analisado em um segundo plano, o que é indispensável é ter condições para consumir o maior número de produtos possíveis. Dadas pessoas passam realmente a acreditar que somente serão felizes, uma vez adquirida determinada peça de roupa, o que também proporciona um maior status, socialmente falando.

            O ser humano, contudo, é mais importante que isto! Já o seu valor, este não tem preço.

 

            Ivan de Carvalho Junqueira, 24, é bacharel em Direito

 ivanjunqueira@yahoo.com.br
COMENTÁRIOS


Colaborações deste autor:
Para ver todas as contribuições deste autor, clique aqui.

institucional capão redondo política de privacidade newsletter colunistas contato