O 1.º de dezembro marca o “Dia Mundial de Luta contra a Aids” que, neste ano, além do importante esclarecimento e conscientização com relação à moléstia, trará à tona, com não menos razão, o combate ao racismo.
Dentre os terríveis dramas a afligir a humanidade, seguramente se encontra o aumento do contágio pelo vírus HIV e, não obstante a incrementação de políticas públicas, inclusive no Brasil, embora insuficientes, tendo-se em vista a redução para com a sua incidência, o número de soropositivos, infelizmente, não pára de crescer. Hoje, de acordo com estimativas, existem 40 milhões de infectados ao redor do globo, dos quais, cerca de 26 milhões apenas na África. Na América do Sul, há 1,6 milhão de portadores, sendo 600 mil os brasileiros. Em 2004, veio a lume nada menos do que 5 milhões de novos casos.
E como se não bastasse a luta diária em defesa da vida, deparamo-nos, cotidianamente, com inúmeros casos de preconceito e discriminação, os primos do ódio e da ignorância, seja em ambientes de trabalho, escolas e, até mesmo, dentro do lar, de modo que algumas famílias, a partir da ciência da doença, tendem a abandonar o filho, esposo ou companheiro, à própria sorte. Tempos atrás, em se desenvolvendo um trabalho voluntário, pôde-se constatar a triste realidade a ser enfrentada, cujos indivíduos, no geral, simples e humildes, ainda têm de arcar com as perversas raízes da exclusão, da mais sutil à explícita. Às palavras de Albert Einstein, “é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”.
Os negros, tal como os primeiros, também enfrentam sérias barreiras. À visão da elite, obviamente branca, passam a ser vistos em segundo plano. No dia a dia, são tratados com uma inconcebível desconfiança. Da Polícia, comandada pelo próprio Estado, recebem “batidas” e “borrachadas”. Na novela das 8, apresentam-nos - por reiteradas vezes -, no desempenho de posições subalternas, notadamente, como empregados em casas de classe média alta e branca, quando não, como criminosos, uma vez que, em havendo cenas de violência representam eles, não raro, os seqüestradores, os assaltantes, os raptores de criança etc. Até em estádios tem-se presenciado atos racistas em meio a cenas pra lá de repugnantes. Nada mais, porém, do que o reflexo da sociedade em que vivemos. Como afirma Marcos Rolim, “conduzimos o tronco e a chibata aos museus, mas a discriminação racial segue oferecendo aos negros uma experiência muito concreta de violência e covardia” (O futebol contra o racismo. In: www.rolim.com.br).
Como o diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (Artigo 1.º, 1.ª parte).
A Aids e o racismo, diversamente do apregoado pelos menos iluminados, carecedores da informação, vão muito além de qualquer rotulação que, a priori, se queira dar, isto porque, os direitos humanos não reconhecem: raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza. Para fazer jus aos mesmos, basta ser HUMANO.
Iluminai o pensamento da sociedade e fazei com que a Aids e o racismo sejam, o mais breve, vencidos, oxalá, eliminados.
Essa luta não é do “outro”, deveras, quase que invisível diante dos olhos de insensíveis preconceituosos. É de todos nós!
Ivan de Carvalho Junqueira
Bacharel em Direito
ivanjunqueira@yahoo.com.br