Depois de ficar presa durante 128 dias no Cadeião Pinheiros, acusada de ter roubado um pote de manteiga, a doméstica Angélica Aparecida Souza Teodoro, de 18 anos, foi libertada na manhã desta sexta-feira
Sinceramente, nem sei porque eu resolvi opinar sobre este assunto tão polêmico. Mas como o objetivo principal deste site é a liberdade de expressão, vou lá!
O principal pensamento que temos ao ver este caso é: "poxa, os políticos roubam milhões e estão todos sendo absolvidos, ninguém que é rico vai para a cadeia. E esta mulher, pobre, afro-descendente, menos favorecida e com filhos para criar, resolve roubar um pote de margarina, de 3 reais e fica presa por 4 meses, isto é muito injusto! Só pode ser racismo ou preconceito".
Sabe, eu pensei assim por algum tempo, mas de uns tempos prá cá, sinceramente, mudei de idéia. Acho que o que é certo é certo, e o que é errado é errado. Roubar milhões não é certo, e roubar 1 pote de margarina também não é certo. O fato de o que roubou 1 milhão não ir para a cadeia, não pode abrir precedentes para alguém roubar 1 real e não ser preso.
O correto é um tratamento de peso e medida igual para todos, como rege a constituição, mas a diferença, sabemos, está no potencial do advogado que irá defender o réu, e este quanto mais preparado mais caro. Logo, o pobre, na maioria dos caso, acaba sendo julgado não porque é pobre, mas porque seu advogado, que é barato, é despreparado. Claro que não podemos, em hipótese alguma, generalizar. É público que existe preconceito e racismo.
Fico pensando, será que se esta mulher chegasse para o dono do supermercado, ou para o gerente e dissesse: "Senhor, preciso muito dar alimentos para meus filhos e não tenho condições. Se eu limpasse a frente da loja, arrumasse aquela gôndola ou passasse um pano em algumas prateleiras, o senhor poderia me ajudar com algum alimento?" Sabe, acho que isto seria mais correto. O correto seria ela conquistar e não querer a força. Já que está desempregada, ela tem tempo ocioso, então naturalmente ela poderia oferecer seus serviços, mesmo que por algumas horas, para conseguir o sustento da sua família.
As vezes a população se auto-humilha, pedindo emprego com cara de sofrindo e achando que alguém tem obrigação de dar um emprego prá ele só porque ele é pobre. Isto está errado! Pedir um emprego é se humilhar, é pedir um favor, é se mostrar incapacitado e frágil e totalmente dependente, e talvez este seja o erro do morador da periferia, não se valorizar.
Uma empresa contrata alguém pelo que ele pode oferecer para a empresa e não porque quer dar um emprego para alguém. Cabe ao desempregado buscar alguma especialização e existem inúmeras oportunidades gratuitas de se especializar e buscar uma formação profissional. As empresas inclusive preferem não contratar alguém só porque precisa de dinheiro prá sustentar a família... fica a dica, nunca utilize isto como artifício, nenhuma empresa contrata por dó.
É necessário se mostrar forte, se mostrar importante e que realmente sua presença na empresa irá agregar, nem que seja nos trabalhos, aparentemente menos expressivos. Fico a disposição de quem quiser "dicas" para conseguir um emprego sem precisar se humilhar, podem me escrever!
Sei que, para um site que fala da periferia, das dificuldades, etc, este meu comentário parece uma afronta, e de fato é. Mas só estou escrevendo desta forma enfática para que tenhamos a consciência de que nada cai do céu. Não está fácil conseguir emprego, não está, mas será que quem procura emprego sai todos os dias das 08h às 18h procurando emprego? Ou diz estar procurando mas fica em casa?
Entendo que a população da periferia é descriminada e tem menos oportunidades que outras pessoas, e isto torna tudo muito mais difícil e complicado. Mas erguer a cabeça e buscar a vitória de peito aberto e atropelando todas as dificuldades com hombridade, ética e respeito, fará deste cidadão da periferia uma pessoa com muito mais condições de ter sucesso do que aquele que nasceu no berço de ouro, pelo simples diferencial de conhecer a dificuldade e saber supera-las.
Não podemos apoiar um roubo por menor que seja, nem tentar justificar usando outras injustiças como base. Precisamos sim é incentivar a luta por oportunidades iguais, mas até lá, lutar em dobro, driblar as dificuldades, se esforçar cada dia e principalemnte nunca perder os principios morais.
Fonte: Estado de São Paulo
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