MENINO NORDESTINO
Sou moleque de rua nordestino;
Cheguei no Rio de Janeiro ainda menino;
Sempre fui desnutrido franzino;
Vim com a minha mãe Maria meu irmão toinho;
Trazidos por meu pai Severino;
Que acreditava que cidade grande era cassino;
Carregava o anel de São Jorge no dedo o guerreiro divino;
E a fé em padre Cícero o nosso padrinho;
Seguimos nossa sina o nosso destino;
Mas no sonho do meu pai de errado;
Pobres coitados na rua abandonados;
Pedindo trocados;
Embaixo de uma marquise estamos deitados; ·.
Minha mãe acorda gritando eu fiquei desesperado;
Ela vomitava sangue pra todos os lados;
Meu pai eu chamo mais parece desmaiado;
Não acorda totalmente embriagado;
Nunca vou esquecer aquele dia de finados;
Meu deus o que eu fiz de errado;
Será que os meus antepassados;
Jogaram pedra no filho crucificado;
Os gritos da minha mãe são cessados;
Ela se deita deve ter melhorado;
Ela ainda reclama de uma dor dos diabos;
Mas agora ficou serena com olhos fechados;
Toinho meu irmão vem e se deita ao meu lado;
Eu também vou dormir, mas estou preocupado;
Minha mãe não acorda o sol esta forte;
O meu pai não me serviu de suporte;
Para eu poder lidar com a morte;
E VER A MINHA MAE DESCENDO NUM CAIXOTE
Todo mundo passa e não nota;
Mais a minha mãe amanhece morta;
Ela estava feia com a boca torta;
Meu pequeno coração se revolta;
Com tudo a minha volta;
Meu pai parece que não se importa;
Bebe fede cai capota;
Na frente de uma Toyota;
Tirei o anel do seu dedo e virei as costas
Meu deus receba meus pais
Abra as suas portas
Eu serei o perigoso; o dono das ruas;
Meu destino é cruel; e ninguém me segura;
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