A necessidade de nos sentirmos incompletos nos faz refletir no paradoxo da vida. Nunca estamos satisfeitos. Se nos falta algo, ao conquistarmos não sentimos esta lacuna plenamente preenchida; e ao conseguir é como se perdesse a “graça”, pois já conseguimos. Precisamos de um “espaço vazio” dentro de nós no qual tenhamos motivos para seguir em frente.
Pensar no que falta, nos problemas que muitas vezes criamos, pois precisamos deles, de que existam. Também dos inúmeros obstáculos no trabalho, na faculdade, com as imposições das doenças, saudades, tristezas, alegrias que vivemos ou estão por vir, conquistas materiais ou espirituais. Precisamos de tudo isso para que nossa vida tenha sentido.
Viver perderia a “graça” caso não tivéssemos mais o que buscar. Conquistei o que queria, e agora o que fazer? Por isto a morena quer ser loira, a baixa quer ser alta, o magro quer ser gordo.
Nunca estamos plenamente satisfeitos com o corpo querendo mudar isso ou aquilo, assim como acontece com as coisas materiais e mesmo assim ao conquistarmos ainda nos sentimos incompletos, faltando algo.
E assim segue o paradoxo da vida.
Se sou gordo, quero emagrecer, mas se fosse o contrário, desejaria engordar.
Uma necessidade inerente ao ser humano, enraizada em nosso ser, independente do que somos e temos. Sempre desejamos o que não vemos, o que não conhecemos e o que não possuímos.
Portanto, como podemos afirmar que somos felizes plenamente e ponto?
Pois este sim é nosso maior motivo de conquista na vida, dentre todos os objetivos a serem alcançados. Se não sentimos que somos 100% preenchidos porque precisamos deste “espaço vazio” para que continuemos a dar sentido as coisas, temos uma incompreensão do significado da certeza do que é a felicidade.
A lacuna criada pela nossa mente nos mantém acesos a uma realidade que nos remete a uma necessidade de carência e insatisfação a fim de que nos mostre uma direção, um caminho a ser traçado.
Desejamos o que não temos. O que desconhecemos é o que queremos. Experimentar o que não foi provado por ninguém, ser o primeiro, único, descobridor de determinado conhecimento, função, acontecimento, situação. Isso nos torna felizes, mesmo que não dure para sempre.
Almejamos o que não temos a fim de que tenhamos em que nos apegar, chorar, alegrar, objetivar, desejar, esperar, faltar, despertar, pensar, amar, viver.
E neste sentido seguimos a caminhar. Sobrevivendo e compreendendo o porquê de nossa imperfeição.
Junior Barreto