Geléia de Amora!
Prá voltar pra casa podíamos fazer vários caminhos diferentes:
Voltar pela Estrada de Itapecerica até onde hoje é a Tenge, entrar à esquerda e se afundar pelo meio do mato até o olaria.
Seguir pela Elias Maas até a Salvador Correia passar por dentro do Colégio Adventista e sair na Estrada de Itapecerica já bem lá em cima...
Seguir pela Elias Maas, Comendador Santana até o final do Capãozinho e pegar 1 trilho pelo meio do mato saindo na entrada do olaria...
Cada caminho tinha 1 encanto. Cada caminho era uma aventura diferente. Todos longos e intermináveis. Emocionantes e angustiantes.
O negócio era temperar. Colocar molho. Traquinagem era a solução.
Uma delas, quando a gente voltava por dentro do Colégio, mais ou menos uns 10, eu, meus irmãos, Edna e Wagner, os Berteli, o Zé, a Cida, o Mingo, minha prima Maria, os Luciano, Luis e a Cidinha... era pedir pão com geléia nas casas dos Adventistas.
A tática era a seguinte. Todo mundo se escondia.
O mais novo, normalmente eu, batia palmas na casa escolhida. Quando alguém atendia com a cara mais sofrida do mundo pedia:
A Senhora não tem um pão com geléia de Amora para me dar (Geléia de Amora da Superbom era uma delícia) to com muita fome...
Quando a mulher ia se virar para buscar o solicitado os outros saiam detrás da moita. A pobre mulher não tinha jeito de negar e acabava trazendo pão de centeio com geléia prá todo mundo...
O nosso medo era que um dia meu pai descobrisse o que a gente fazia. Ele não nos perdoaria. Era muito orgulhoso.
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