O FILHO DO MEIO
O filho do meio...É sempre o mais feio...
Foi descuido no recreio...Demorou muito, mas veio...
Chegou sem recheio...Roubou o meu seio...
Por isso eu sacaneio...lhe boto um freio...
Vocês já repararam na sina do filho do meio ?
Não tem as vantagens de ser o mais velho.
O primeiro. O mais esperado.
Os pais projetam nele todas as suas apostas e esperanças.
Ensinam a andar, a falar, a pescar, a dirigir, a namorar...
Vestem o primogênito com o que tem de melhor.
No meu tempo: calça de vinco, com cinta e bolsos.
Eu, calça de suspensório, sem bolso.
Sapato de couro.
Eu, pé no chão ou alpargatas ou os usados (quando não serviam mais).
Cabelo cortado “americano”.
Eu, topete (tipo Ronaldo-ridiculo) que é prá demorar mais prá crescer.
Quando íamos prá escola eu, o mais novo dos mais velhos, sofria as conseqüências disso:
Se eles ‘aprontavam’ eu pagava o pato:
Entrava pela janela para pegar querosene para limpar o pixe quando se sujavam...
Batia nas casas para pedir pão com geléia e eles só apareciam na hora do ‘bem bão’...
Carregava o material dos três porque só tinha uma sacola de saco de estopa pendurada nos ombros...
Enfim... Era o mais feio... O mais mole (lento)... Não sabia fazer nada direito...
Naquele tempo quem não fazia nada direito, só servia prá 1 coisa: vai ser padre...
Mas o que ele queria: Nadar na piscina, jogar futebol.
No Seminário do Verbo Divino-SVD, na Rua Verbo Divino em Santo Amaro, tinha 1 piscina enorme, 1 campo enorme.
E ele foi pro Seminário... em... Araraquara.
Tinha campo, mas não tinha piscina. A piscina lá começou a ser construída naquele ano, 1960, pelos alunos (ou seja...ele), na base do enxadão, pá, etc...
Nadar, nada... Futebol, nada... fazer piscina... Não há vocação que agüente...
(...continua: O FILHO DO MEIO – II)
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