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O ovo cru

Por: EDSON TALARICO

Em casa eu sempre ouvia uma frase: “...tá pensando que peido de galinha é ovo...”

Esta frase era dita quando a gente achava que alguma coisa era muito fácil e acabava não conseguindo êxito.

Eu nunca dei muita sorte com ovos de galinha. Sempre me dei mal com esse alimento gostoso, rico em nutrientes e de mil aplicações culinárias. Fazem-se bolos, tortas, recheios, mousses, maioneses, suflês, sorvetes, batidas. Comem-se fritos, cozidos, mexidos, em rabanadas, em omeletes, etc, etc...

Quem sofre é a galinha. Quem aproveita é a gente que utiliza o seu produto.

Não me dei mal comendo ovo mas me dei mal em situações nas quais me envolvi por causa dos benditos.

Uma ocasião, quando era criança, fui colher os ovos das galinhas que viviam soltas no terreiro e acabavam fazendo ninho no meio do mato. Era uma vegetação rasteira próxima de casa. Eu, ao encontrar o ninho punha os ovos numa cesta de arame. Quando a mesma estava já com uns 10 ovos, alguém me chamou:

“Edson, corre aqui...”

Fui correr, tropecei... Cesta pra um lado eu pro outro. Não sobrou um só ovo inteiro.

Bronca e gozação prá cima do lerdo.

Noutra ocasião, já no Seminário, fui encarregado de recolher os ovos no galinheiro do Padre Oscar, o tal alemão carrasco. Todos nós éramos, mensalmente, escalados para um serviço distinto no seminário.

No Seminário a gente adorava contar vantagem e uma das coisas que mais contavam ponto era desafiar os Padres e eu não podia perder a oportunidade de ter uma boa estória para contar. Eu ia desafiar o Padre Oscar, comer um ovo cru.

Eu queria, porque queria, comer um ovo cru. À noite roubei um punhado de sal no refeitório. Embrulhei num guardanapo e levei comigo.

Ao recolher o primeiro ovo, ainda quente, quebrei cuidadosamente a casca na ponta mais aguda de forma a ter ali um buraco por onde eu pudesse colocar o sal e mexer para misturar a gema e a clara. Por este mesmo buraco depois era só sugar o conteúdo.

A esta altura percebi que naquele ninho tinha mais dois ovos. Peguei-os com a mão direita, enquanto com a esquerda segurava o ovo que iria sorver. Nisso, uma galinha que eu não sei de onde apareceu voou em minha direção. Num gesto reflexo apertei os ovos contra o peito. A meleca desceu pela minha camisa e escorreu.

Eu não sabia o que fazer. Meu Deus! Se o Padre Oscar descobre eu estou frito.

Desesperado, pedi ao Gilberto (Colega de Cananéia) que terminasse o meu serviço e prometesse não contar nada.

Corri, me esgueirando até o dormitório, me limpei, troquei de roupa e desci para a sala de aula. Graças a Deus foi o tempo certinho, pois a aula já ia começar. Depois dei um jeito de lavar a camisa para tirar o grosso e deixei-a secar embaixo do colchão, antes de mandar prá lavanderia. A mancha nunca saiu direito.

Uma ocasião, Já com meus 18 anos aproximadamente, fomos, todos lá de casa fazer uma pescaria na represa, mais precisamente na Baroneza. Quem nos levou foi o Américo em seu caminhão, Lembro que levamos, para esquentar, uma batida terrível que consistia em uma gemada com vinho. Chamava-se “Puta que Pariu!!!”

Imaginem uma batida com esse nome. Terrível. Sobe que nem foguete. Tomamos a tal batida o dia inteiro. Pescar, não pescamos nada.

Voltamos lá pela 3, 4 horas da tarde. Todo mundo morrendo de fome. Inventaram de cozinhar uns ovos prá comer. Cada um cozinha o seu.

Puseram a água no fogo. Cada um foi lá e pôs o seu ovo na vasilha. Eu, zonzo como estava, peguei meu ovo e fiquei com ele na mão esperando a minha vez.

Quando dei por mim o ovo estava escorrendo pela minha mão.

Eu o havia quebrado sem perceber e mais uma vez fui o alvo da gozação de todos...

Ovo, definitivamente, não pode ser cru. Tem que ser processado, de preferência, por outra pessoa. Obrigado...


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