De onde posso observar as pessoas não pareceram muito tristes com a derrota da Seleção Brasileira de Futebol na última sexta-feira. Mesmo antes de o jogo acabar a rapaziada já estava soltando pipas. Para alguns daqui mais vale um céu com um bom vento do que noventa minutos na frente da televisão. Quando o jogo acabou, quem estava assistindo voltou normalmente as ruas, a diversão continuou. Alguns até resolveram gastar os rojões. E ninguém tirou o churrasco da brasa.
Será que a favela começou a perceber que se a seleção ganhar ou não a vida não muda por aqui?
Pensei que o povo ia se revoltar, ficar cabisbaixo. Nada disso, no outro dia de manhã a molecada já corria, eufórica, atrás de uma bola no campinho da vila. E na segunda-feira a fila do ônibus já estava de novo dobrando a esquina. As contas não pararam de chegar.
O Brasil já foi campeão do mundial cinco vezes e isso não transformou em nada a vida das pessoas mais pobres. Principalmente porque o que muda de fato a vida das pessoas é o aumento da renda.
Como diz um colega meu: “O que vira memo pra nóis daqui é aumentá as de cem!”
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