DEZ ANOS DA CASA DE HIP HOP DE DIADEMA
Por: João Batista Soares de Carvalho
Quem gosta de Hip Hop não pode deixar de conhecer a Casa de Hip Hop de Didema, principalmente para assistir um encontro de hip-hoppers (chamado de Hip-Hop em Ação) que acontece todo fim de mês, sábado, no Centro Cultural do Jardim Canhema.
Esse equipamento sócio-cultural está localizado numa quebrada, as margens da Rodovia dos Imigrantes em Diadema, na rua 24 de maio 38. As ruas estreitas da vila, bastante ocupadas pelas pessoas e irregularmente desenhadas não dificultaram o acesso ao espaço, sobretudo porque nos bares e esquinas sempre tem alguém bem disposto a indicar o local exato do encontro. A Casa é referencia para as pessoas da vila, o que facilita encontrá-la.
Esse evento mensal tem entrada franca. A arquitetura do local é muito parecida com a de uma escola bem pequena, porém o diferencial fica por conta da grafitagem bastante sugestiva nas paredes e nos corredores. São desenhos que recriam a história do Hip Hop em São Paulo e nesse Centro Cultural.
Nessa biblioteca encontram-se trabalhos acadêmicos que tratam da casa de cultura. Além disso, a biblioteca reúne uma série de livros importantes para a história do Hip Hop e da africanidade nas Américas e no Brasil. Nino Brown, pioneiro da Cultura Hip Hop em São Paulo é o responsável pelo local, pois além de criá-la, também a transformou uma das sedes da Zulu Nation Brasil. Nino Brown, no processo de busca de conhecimento sobre o movimento no mundo, contactou Afrika Bambaataa, um dos criadores do hip-hop estadunidense e representante da Zulu Nation (uma espécie de rede ou uma grande irmandade de hip-hoppers mundiais sediada no Bronx). Afrika Bambaataa visitou a Casa do hip-hop e sagrou Nino Brown com King, representante da irmandade no Brasil.
O papel de King Nino Brown como representante da Zulu Nation no Brasil é divulgar a história do Hip Hop através de eventos culturais e educacionais. Por isso, a Casa do Hip Hop também promove uma série de atividades culturais associadas aos elementos da cultura: aulas de graffiti, discotecagem, composição/rima/RAP e dança.
Esse conhecimento acumulado pelos educadores da Casa do Hip-Hop é que materializa o quinto elemento. Alguns hip-hoppers chamam-no de consciência, ato de conhecer, sair da ignorância, sobre a cultura libertária de parcela da juventude afro, pobre de periferia.
A Casa é especial porque desde quando se tornou Casa do Hip Hop, destacou-se como um núcleo difusor da cultura de rua associada ao RAP e Hip Hop, recebendo os fundadores do movimento na Cidade de São Paulo, como por exemplo, Nelson do Triunfo, Dj Hum e o próprio Nino Brown. Vale a pena visitar para perceber como o hip hop sobrevive no interior de uma das periferias da Grande São Paulo.
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