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Quinta - 21 de Novembro de 2024
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MEU PRIMEIRO AMOR

Por: EDSON TALARICO

MEU PRIMEIRO AMOR

 

Este é o título de uma música antiga e, parece que foi também título de um filme. Neste caso é o título que vou dar para a historinha que vivi na minha pré-adolescência (termo atual).

Creio que escrevendo isso, poderei ajudar outros que estão nessa fase da vida a se reconhecer na situação e evitar os erros que cometi por timidez e falta de confiança.

Vou chamá-la de Vera Lucia para preservar seu nome verdadeiro. Era irmã de um dos meus melhores amigos o Serginho.

Ela era um encanto. Parecia uma boneca. Sua pele era branca, clara, cabelos castanhos, olhos castanhos, delicada.

Quando andava parecia flutuar. Estava sempre acompanhada por alguém, ora a mãe, ora o pai, ou um bando de outras meninas da mesma idade.

Eu a admirava. Queria estar onde ela estivesse. Aos domingos não faltava às missas só para vê-la. Posicionava-me de forma que sempre pudesse ficar observando aquela figura meiga e delicada. Queria que ela me visse para observar a suas reações a minha presença, porém, eu sempre me frustrava porque parece que nunca me notava.

Imaginava que estava com a minha bicicleta (que nunca tive) Caloi, Vermelha, Aro 14, calçando uma Bamba (um tipo de tênis da Alpargadas da época), desfilando em frente a ela para fazer bonito.

Nas quermesses ficava esperando receber um Correio Elegante enviado por ela. Não recebi nunca.

Também não tive coragem de mandar um prá ela. Morreria de vergonha se alguém descobrisse a minha paixão.

Ninguém nunca soube, pelo que me consta, desse meu infortúnio.

Muitas vezes quase me traia. Uma vez o Jorge me falou:

- A Vera ta uma graça... Já reparou como está ficando bonita? Vamos dar um pulo na casa do Serginho prá ver. A gente inventa uma desculpa...

- Ce ta louco ?! Eu não, vai você...

O tempo foi passando. O amor aumentando. Eu cantarolava músicas que falavam de amor trocando o nome das mulheres na letra pelo nome dela:

-“... Para sempre ter o amor de Terezinha,

Oração eu fiz...

Oração eu fiz...”

Os anos foram passando. Perto da casa dela tinha um campinho de futebol. Eu gostava de jogar bola. Eu gostava dela. O campo era pertinho. Eu tinha mais uma chance de vê-la. De mostrar a ela minhas qualidades (que não eram muitas) futebolísticas. Todo sábado a gente ia lá bater bola. Ia um monte de gente. Eu ficava me preparando.

- Um dia eu vou me declarar a ela. Vou revelar todo amor que trago no peito. Ela vai me aceitar eu tenho certeza.

Mas, destino cruel...

Um belo dia eu vi a minha amada conversando com um rapaz que se mudara a pouco tempo pro Capão Redondo...

Vi mais algumas vezes. Perguntei como quem não quer nada:

- Você viu a Vera conversando com o Julio. O que será que ele queria?...

- Ouvi dizer que eles tão namorando...

O punhal tinha se cravado em meu peito. Aquela menina, pura, imaculada, linda. Estava namorando um cara que sabe-se lá de onde tinha vindo...

Eu nem sequer me imaginava digno de tocar sua mão. Agora ela era de outro. O pior de tudo é que agora era tarde demais. Eu tivera toda chance do mundo e desperdicei por causa da minha timidez e excesso de vergonha.

Um tempo depois eles ficaram noivos e se casaram e, devem estar casados até hoje.

 

Bem feito prá mim...

 

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