O Brasil é um país capitalista que valoriza a competição e o lucro. A exclusão social é fruto de uma corrida “perversa” pelo acumulo do capital, que resulta em uma altíssima taxa de concentração de riqueza nas mãos de poucos e um número exorbitante de pessoas vivendo abaixo da linha da miséria. Com esse modelo econômico a escola fracassou em cumprir o seu papel social de democratização e construção de uma sociedade mais igualitária, além disso, desempenha um perverso papel na manutenção das relações opressoras impostas pela sociedade capitalista.
Na tentativa de mudar esse paradigma excludente, nas últimas décadas muitas ações foram empreendidas na luta por uma sociedade que garanta a todos os povos a conquista de sua igualdade de direitos e o respeito a diversidade humana, buscando uma sociedade inclusiva.
A inclusão estabelece que as diferenças humanas são normais, ou seja, não existe um padrão de normalidade de pessoas, mas a diversidade. Não é questão de tolerância, ninguém precisa “tolerar ninguém”, porém todos vão respeitar as diferenças. A meta primordial é a inclusão escolar de crianças com deficiência no ensino regular. As escolas inclusivas propõem um modo de construir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades.
Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados, ou pelo menos, reduzidos, por meio das ações de sensibilização da sociedade e, em seguida, mediante a convivência na diversidade humana dentro das escolas inclusivas, das empresas inclusivas, dos programas de lazer inclusivo. Resultados já existem que comprovam a eficácia da educação inclusiva em melhorar os seguintes aspectos: comportamentos na escola, no lar e na comunidade; resultados educacionais; senso de cidadania; respeito mútuo; valorização das diferenças individuais e aceitação das contribuições pequenas e grandes de todas as pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, dentro e fora das escolas inclusivas.
O princípio democrático da educação para todos só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os alunos, não apenas em alguns deles, os alunos com deficiência. A inclusão, como conseqüência de um ensino de qualidade para todos os alunos provoca e exigem da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão.